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COISAS DE MENDES
Sou um ESCREVEDOR...
Textos
TREMEDEIRA
Agora, em questão de minutos atrás, estava escrevendo as dedicatórias no meu livro que farei o lançamento no dia 09/03/24 - menos de um mês - para as pessoas que já efetuaram o pagamento, e, assim, agilizar a entrega, mas, principalmente para me facilitar por um motivo que está me atrapalhando muito que é uma tremedeira na mão esquerda - exatamente a mão que sempre utilizei a vida toda, já era canhoto por natureza e ainda com 6 anos quebrei o braço direito, que ficou defeituoso por erro médico ( é praticamente imperceptível, mas tem diferença em tamanho e espessura em relação ao esquerdo, mas vivo com sigo desde sempre, então, bola pra frente, nunca me ressenti com essa situação, mas dediquei o tempo todo a usar a canhota para tudo, tudo mesmo). Pois eis que, há uns 18 anos, comecei a sentir um leve tremor na mão ao segurar alguma coisa, mas não me importei, até que foi aumentando até que decidi, depois de alguns anos a ir a um neurologista, isso já em 2013, depois do AVC que tive dando aula, e aproveitei o ensejo do médico e mostrei para ele a tremedeira na mão, ele a pegou, apertou, olhou meus exames, tomografia e um outro que não lembro, e disse que eu tinha uma ervilha, um tumor benigno, no lado direito do cérebro, mas que aquela tremedeira provavelmente não fosse a causa da tremedeira. Pediu mais um outro exame, o qual fiz, logo, e pra surpresa, mesmo pelo SUS, foi rápido. Levei para ele e ele disse que continuava a mesma coisa, que essa tremedeira era chamada de Tremor Essencial - o que outros médicos me confirmaram dizendo ser, segundo alguns, pelo excesso de trabalho usando explorando meu cérebro demais - sei lá se é verdade ou não, mas ele disse que não me preocupasse, bem como os outros anos depois que consultei e disseram a mesma coisa, que não era princípio de Parkinson, era apenas a tal Síndrome da Tremedeira Essencial, ou Tremor Essencial, o que foi um alívio, pois não haveria progressão e nem maiores complicações com o passar do tempo. Realmente, não houve, e como eles disseram, eu teria que me acostumar e me adaptar a essa nova realidade e deveria começar a usar a mão direita, que sempre foi inútil, pois quando a forçava tinha dores terríveis pois fique sem três ligamentos que foram interrompidos e pela falta de cuidado na hora do atendimento, piorou a situação. Mas isso não adiantou muito, até consigo usar mais do que antes, mas escrever à mão com a direita, sem condições, a caneta ou lápis nem ficam na mão. Assim como muitas atividades ainda são praticamente impossíveis. Com isso, além da tremedeira, causei excesso de esforço no esquerdo e estourou meu ombro, estou com os ossos do ombro todos serrilhados e não devo exagerar nos movimentos. Mas, vida que segue, e eu nem ligo para isso, é apenas uma dor chata, parece que está queimando lá dentro, é quando lembro que devo limitar o uso e movimentos exagerados - sou exagerado pra tudo, tudo muito rápido - daí ameniza, mas não tomo remédios para isso. Desvio a atenção para outras coisas a fazer e assim controlo.

Comecei a escrever as dedicatórias, são 47 - hoje vendi mais um livro - pessoas que já adquiriram meu livro. Peguei apenas 5 livros, pois sei da minha limitação. Escrevi apenas 3 normais, quase, normais, porque a tremedeira já veio e a letra tremulando parecendo uma flâmula ao vento. Dava uma pausa, e voltava a escrever. Escrevi em 4 livros e parei porque estava aumentando a tremedeira. É algo incontrolável. Tem dias que não consigo fazer certas coisas porque treme muito.

Passei recentemente, por dois constrangimentos, por causa dessa tremedeira. Nem sei se as pessoas perceberam, mas eu percebi. Participei do IX Sarau Literário de Charqueadas, em novembro/23, e numa das noites eu li uma poesia sobre o tema: MULHER e depois um texto, uma crônica com o mesmo assunto. Segurei a folha com as duas mãos, mas a esquerda tremia, fazia a folha tremular, tirava-a, mas com a direita era difícil de manter na posição, voltava a segurar com a direita e a tremedeira agindo. Algumas pessoas, durante esses anos, alunos, participantes de palestras me questionavam se eu estava nervoso porque estava tremendo, porque sempre fui de fazer muitos gestos, exagerado como sempre, e assim eles percebiam a mão tremendo. Explicava o que era, e tudo bem, mas não vou ficar explicando antes para as pessoas, coisa que não gosto é de dar desculpas de nada, mas pode causar um conceito errado do que está acontecendo - mas, como não sou de dar importância ao que as pessoas possam vi a pensar de mim, não me preocupo. Não sei se as pessoas que estavam alí, no Sarau, escutando e olhando para mim no momento da leitura, perceberam e o que pensaram sobre aquela tremedeira. Claro, que a primeira coisa, é 'Ele está nervoso', e, sinceramente, o que não dá em mim, em situação alguma, é nervosismo, consigo tirar de letra tranquilamente, por mais difícil que seja, sempre penso - e até já escrevi em alguns textos - que o que tiver que ser será. Outra situação foi no dia 23/12/23, fui cerimonialista e também celebrei a benção de casamento dos noivos. Ainda bem que tinha um púlpito, mesmo ao ar livre, para colocar o roteiro do que escrevi, pois a tremedeira imperava. Tudo transcorreu normal, foi tudo uma benção, mas na hora que fui orar pelos noivos, que coloquei as mãos sobre a cabeça deles, a minha mão esquerda trêmula, não parava de tamborilar na cabeça do noivo, ainda bem que ele estava tão nervoso que nem percebeu - pelo menos não falou nada - e depois quando me enviaram as fotos e alguns videos, dá pra ver perfeitamente, pelo menos nos meus olhos críticos, a mão tremula sobre a cabeça do noivo.  A noiva disse que não percebeu isso no vídeo, mas depois que falei provavelmente ela foi lá pra ver. E não era nervosismo, era simplesmente minha querida inseparável tremedeira essencial agindo e me fazendo desconfortável em certas situações.

Tive que parar de escrever as dedicatórias porque já começavam a ficar hieróglifos e não mais palavras inteligíveis. Imaginem se deixo para escrever tudo lá no dia, que caos vai ser. Pensei e até ri, sobre a situação: mandar fazer um carimbo com as palavras que poderia usar para todos e cada um que chegasse com seu livro para dedicatória e autógrafo, eu já tivesse o carimbo em mãos, carimbaria e apenas daria o autógrafo, e todo tremulo ainda.  Mas não gosto de nada padronizado, gosto de deixar fluir o que manda o momento, o coração e para quem vou estar escrevendo algo. Para essas que já compraram, já estou escrevendo pois o principal a escrever é sobre agradecimento e confiança por terem adquirido um livro sem nem saberem se iria mesmo publicar ou não. Era uma loucura, um desvario total meu, uma total falta de coerência e dinheiro para publicar, mas senti no coração, e tudo que sinto é porque vai dar certo, e está dando certo, porque as pessoas confiaram em mim, acreditaram no meu trabalho.

Minha tremedeira não é de nervosismo, é de emoção, pode ser, porque quando me emociono, a tremedeira aumenta, percebo isso, mas não fico nervoso por nada, nem por coisa ruim, simplesmente deixo passar, deixo acontecer, se tiver que acontecer.

Se a tremedeira é essencial, conforme dizem os médicos, pois que haja tremor a vida toda, não sendo nada mais grave - e se tiver que ser, que seja - está tudo bem, o negócio é aprender a conviver com isso e aceitar e entender que faz parte da minha vida. Já convivo com isso há 18 anos, esse caso de amor já está na fase da insignificância da relação - quando as pessoas vivem por viver, e tem aos montes vivendo assim por aí -, eu sei que ela está ali, mas não dou a mínima para ela. Mas ela não me deixa e eu a aturo. Fazer o quê. E não adianta tentar dominar, ela vem e se mostra, dizendo está comigo. Que o amor seja eterno enquanto dure.

E tu, tens alguma coisa que não te larga de jeito maneira? Se não tem, procure, porque é tããããooo bom!



JOSÉ FERNANDO MENDES
Enviado por JOSÉ FERNANDO MENDES em 13/02/2024
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