QUEDA
Cai o sol!
Com ele tudo que tem de cair.
Cai a vida!
De quem está inseguro.
Cai o amor!
De quem não soube amar.
Cai o mundo!
Para os mutilados e inconformados.
Cai o aroma!
Das flores arrancadas de seus caules.
Cai o vento!
Que não soube conciliar-se com o ar.
Cai o homem!
Que está dependendo de um futuro promissor.
Cai a tarde!
Que está cansada de ser tarde,
E não pode ser mais nada.
Cai o mundo inofensivo!
Porque não existe mais paz entre os seres.
Caem as folhas das árvores!
Porque não as mereceram.
Caem as nuvens!
Porque nos atrapalham de olhar o céu esplendoroso
Cai tudo!
Até o que não se pode imaginar,
Junto com o sol.

O sol queima e arrasta as amarguras
Que existem dentro de cada um.
Cai tudo!
Até mesmo nós
Junto com esses dias indesejáveis – traidores.
Caímos, mas temos que nos levantar
Assim como o sol volta a brilhar
As folhas voltam às àrvores
As flores nascem novamente nos caules
...
E assim como tudo
Que nasce, um dia cresce,
Podemos cair e um dia levantar.

Não pensemos que nos ajudarão na queda
Irão pisotear-nos,
Mais e mais,
Até que caia a morte sobre nosso ser.

Assim é a humanidade:
Vai caindo conforme o sol
Vai deixando a noite tomar lugar;
É a vida,
E vamos vive-la,
Porque é tudo que existe
Em cada de um de nós,
Mesmo ruim – superável,
Mesmo boa – aproveitável.
É assim com Jesus Cristo:
Iluminando como o sol
Manso como a noite
Levantando sempre
Porque a queda não existe
Para quem confia no Senhor.

(poesia escrita em 1979)