Ontem, dia 1º de Outubro foi o dia de homenagear as pessoas idosas. Essa data foi estabelecida pela ONU em 1991, mas também tem o mês do idoso, que é Junho e a cor para esse mês é violeta - agora estão inventando cores para cada mês acompanhada de algum cuidado, alguma homenagem servindo como alerta para as pessoas, até acho louvável, desde que fosse bem elaborado, bem explorado cada situação a cada mês; além disso, quando foram estabelecidas essas cores e homenagens a cada mês, até houve uma aclamação e um engajamento de muitas instituições, escolas, empresas, grupos e tudo o mais, mas, à medida que o tempo foi passando já não se vê o mesmo que se via - aliás, como tudo na vida, com o tempo vai perdendo a graça, vai perdendo o entusiasmo, vai caindo o interesse, assim como tudo cai um dia-.

O objetivo da ONU em estabelecer esse dia, nesse mês, é sensibilizar as pessoas do mundo todo, para as questões do envelhecimento, pois é perceptível, que a população em todos os países está ficando mais idosa, pois atualmente as pessoas se casam, até constituem família, mas não querem e nem podem ter aquela enxurrada de filhos que tinham há alguns anos, contentando-se e se satisfazendo com um filho apenas, e exagerando, dois, devido as atuais condições para criar, para sustentar, para prover, para conseguir dar o cuidado necessário que toda criança, todo jovem, todo adolescente, todo adulto precisa ter dos pais. Isso está fazendo com que haja mais velhos do que jovens no planeta, e sabe-se que os idosos precisam de cuidados especiais tanto quanto uma criança, e por isso precisa haver um alerta para um cuidado diferenciado, especial e merecido para essas pessoas que estão na idade considerada idosa, que é dos 60 em diante.

O envelhecimento é certo. Tudo, tudo na vida, envelhece. Nada, mas nada mesmo, na vida, permanece novo. Tudo passa pelas mesmas fases, por isso digo que a vida, do nascer até o pós morte ( se é que existe, acredito que exista, porque ...) é sempre a mesma coisa. São ciclos a cada fase as quais passamos, cada um com seus destinos já traçados e estabelecidos, individualmente, mas igual para todos. Não existe nada eterno, tudo acaba com um tempo, vai se desgastando, vai se esvaindo, vai desbotando, vão acontecendo mudanças à medida que o tempo passa, dia a dia, tempo a tempo e assim outras coisas, outras pessoas, vão chegando, vão sendo colocadas para substituírem as que já estão obsoletas, tanto pelo desgaste quanto pela falta de consideração. Nossa vida é assim: nascemos bebês, nos tornamos crianças, jovens adolescentes, jovens adultos, adultos e então começa a derrocada, a velhice.

Fui drástico ao usar a palavra derrocada, mas para significar o que hoje representa ser idoso, mesmo com todas as inúmeras e diversas atividades propostas, criadas para conscientização das pessoas, até mesmo, e principalmente, dos próprios idosos, ou que estão chegando lá. Podem oferecer o que for, a pessoa pode participar de qualquer e de todas as atividades que estiver ao seu alcance, mas se ela, dentro dela, no seu modo de pensar não mentalizar que a idade é apenas um número, não vai adiantar nada, o envelhecimento é galopante, é imediato, age de forma muito rápido e então é derrocada mesmo. Obvio que com o passar da idade nosso corpo já não é o mesmo, o porte físico não é o mesmo. Por mais cuidados, por mais cremes, por mais e maiores e melhores procedimentos que possamos fazer para não demonstrar a idade, o desgaste e a transformação que o tempo vai fazendo em nossos corpos, não adianta, as marcas ficam permanentes, as cicatrizes são aparentes e não adianta nada que faça disfarçar, nem mesmo a melhor e perfeita maquiagem. Artifícios são usados mas nada consegue esconder o que a natureza mostra com crueldade. Mas, mais cruel ainda, é quando a pessoa se deixa tocar pela velhice, introjeta o pensamento que está velha e não tem vontade de fazer mais nada, não se acha capaz de mais nada e se atira numa vida reclusa, podendo até estar rodeada de pessoas, mas prefere se manter no seu próprio anonimato, na sua própria vitimização e principalmente na total solidão de si mesma.

O pior envelhecimento é o da alma, do espírito, pois o corpo é apenas uma carcaça que usamos por um determinado tempo. O pior de tudo é que a maioria do que se tem, que oferecem, que se preocupam, para combater o envelhecimento não é estimulo a manter a alma e o espírito jovens, saudáveis, mas para manter o corpo, o rosto, os cabelos mais belos, mostrando como o que é mais valioso, mais importante é o culto às aparências, ao que se mostra para os outros, com coisa que as pessoas olham apenas o que estão vendo com o olhar de quem não sabe identificar o que realmente é belo e originalmente criado conforme a sua natureza humana.

Envelhecer faz parte da nossa natureza, a cada dia somos mais velhos do que ontem, mas se não deixarmos isso tomar conta de nossos pensamentos e agirmos contra isso, podemos nos manter na ativa, com a alma e o espírito bem lúcidos, bem dispostos. Se o corpo, que com o tempo vai carquilhando, não mais quiser corresponder ao que está sendo proposto, sendo estimulado, então afrouxe esse esforço e faça apenas o que ele necessita para não enferrujar, mas não fique se dizendo, se achando, se espraguejando, assuma que estás com movimentos limitados do físico, mas o pensamento continua a milhões.

Não tenha uma velhice caquética, rabugenta, cheia de manias e pior ainda, com cheiro de velhice, cheiro de mofo, cheiro de remédios - porque não adianta, caimos na tal necessidade de tomarmos regularizadores de tudo -, porque se agires assim, ninguém vai querer, vai aguentar ficar ao teu lado, e a solidão vai tomar conta de ti e assim a senilidade vem e se aloja em ti, te fazendo infeliz, mas porque tu quis, tu proporcionou todas as condições. A idade é apenas um número, não se deixe impressionar por ela e tenha orgulho de tê-la e diga para todos a idade que tens, e seja orgulhoso de ti mesmo e, talvez, para os outros. Envelhecer é uma dádiva. Viva o dia dos idosos.